Depois de vos ter falado da minha felicidade por me ter inscrito numa caçada ao cogumelo selvagem, no Domingo passado, lá fomos nós.
O facto de não ter chovido durante semanas, prometia que a colheita não haveria de ser nada de especial, pelo menos em termos de quantidade, e confirmou-se.
O objectivo do passeio era recolher em variedade, para depois analisarmos o máximo possível de exemplares de diferentes espécies.
Eu e o Pedro devemos ter apanhado umas 10 espécies diferentes, entre as quais apenas algumas comestíveis.
Depois, os especialistas, avaliaram o conteúdo da nossa cesta e explicaram o que era cada um dos exemplares colhidos.
No final, todos os cogumelos apanhados durante o passeio foram para o lixo, por precaução, já que estiveram em contacto uns com os outros.
Para não ficarmos tristes, ofereceram-nos uns quantos cèpes (espécie comestível) que tinham comprado e que foram parar ao risotto que almoçámos nesse mesmo dia.
Acima de tudo, esta experiência serviu para confirmar que esta actividade, exige que a pessoa de facto saiba muito bem o que está a fazer. E não é fácil. Nada mesmo.
Todos os anos morrem pessoas por ingestão de cogumelos venenosos e nem sempre os problemas começam imediatamente após o consumo dos mesmos. Contaram-nos que há uns anos morreram 3 pessoas depois de terem comido cogumelos (venenosos) ao almoço e ao jantar (valentes!). Sendo que, a primeira pessoa morreu passados 3 dias, a segunda após uma semana e a terceira ao fim de 15 dias. Dá para perceber o quanto isto pode correr mal…
Na exposição, organizada por ocasião destas Jornadas da Micologia, os cogumelos estavam classificados como “comestíveis”, “a evitar”, “venenosos” e “mortais”. E posso dizer-vos que as caixinhas verdes (correspondentes aos cogumelos comestíveis) eram em muito menor número que todas as outras. Ou seja, existem mesmo muitas variedades que não devem ser consumidas.
Para mim, o mais grave, é o facto de muitas espécies venenosas serem muito parecidas com as comestíveis. Logo, há que saber distinguir muito bem os traços que identificam cada uma delas. A avaliação deve ser feita tendo em conta a forma e coloração mas também, o cheiro, a reacção ao corte (se oxida ou não) e a flora circundante. Certas espécies de cogumelos crescem sempre junto da mesma espécie de árvore (por exemplo).
Depois deste dia, continuo com a opinião de que nunca me aventuraria a apanhar cogumelos selvagens para consumo por mim mesma. Nunca me sentiria 100% confiante, apesar das indicações que recebi do especialista em micologia que nos acompanhou.
Ainda assim, aquilo que aprendi e que me fez mais sentido foi que a melhor forma de minimizar erros é escolher uma só espécie e estudá-la bem. Conhecer muito bem as suas características e os traços que a distinguem de espécies parecidas que possam implicar riscos. E depois, só apanhar cogumelos dessa espécie, independentemente de todos os outros que possa encontrar e que tenham um ar apetitoso. E na dúvida, não arriscar.
De qualquer das formas, continuo a preferir a minha própria teoria: cogumelos para comer, só os que se compram no supermercado.
» Para os interessados, existem este site (em Francês) com bastante informação sobre o assunto e até uma aplicação para o telemóvel a ik-champi que ajuda a identificar as diferentes em poucos passos.