*Ler o título como se fosse aquela música “I´m sexy and I know it“, só para parecer mesmo muito fixe.
Para quem visita este blog e não sabe, eu sou mãe a tempo inteiro (como se uma mulher, depois de ser mãe, se conseguisse livrar de o ser por um só minuto…).
Nunca foi um sonho meu, nem sequer uma decisão muito reflectida, foi uma “oportunidade”, aconteceu. Era o que fazia sentido. Um pouco também no seguimento de não vivermos em Portugal, nem perto da família. Não será uma situação definitiva, mas enquanto durar, iremos aproveitar este privilégio.
Em França (onde vivíamos antes), era uma situação muito frequente e perfeitamente aceite pela sociedade e pelos empregadores. Aqui, nos Estados Unidos, é completamente normal, muito bem visto e até tem nome: uma mãe a tempo inteiro é uma stay at home mum – SHM. Perdi a conta a quantas conheço. Em Portugal, assim no geral, ser mãe a tempo inteiro é visto como uma de duas coisas: ser doméstica ou ser dondoca.
Num e noutro caso, “de certeza que vive à custa do marido” e, nem quero imaginar, o que dirão numa entrevista de emprego a alguém que esteve anos em casa dedicada aos filhos…No meu caso, digo-vos sem problema que tem mais de doméstica que de dondoca e, embora não seja um emprego, dá muito trabalho. Não remunerado, é certo, mas a forma como encaramos isto aqui em casa, é que somos uma equipa e que se um de nós se levanta para sair de manhã e no final do mês traz para casa um salário, o outro (eu), fica com a Inês, trata das coisas da casa e, no final do mês, acaba por poupar muito dinheiro à economia doméstica. São duas formas diferentes de ganhar e ambos estamos confortáveis com os nossos papéis (que não são rígidos, entendam).
Nem todos os dias são uma diversão, como devem calcular, mas também não me vejam como uma “coitada” que passa o dia de fato-de-treino a mudar fraldas e a aspirar a carpete, ou que fique sempre fechada em casa. Se há dias em não fazemos grande coisa e em que a televisão fica ligada mais tempo que aquele que eu gostaria, na maioria, não é esse o caso.
Como vivemos numa casa com algum espaço verde, tento sempre, nem que seja só ir ao quintal ou ao fundo da rua ver a caixa do correio, que todos dias se respire o ar livre. Mas, sempre que possível, vamos para a rua. Como há aqui no nosso bairro outras famílias na mesma situação, juntamo-nos para play dates, os miúdos brincam e as mães conversam.
Temos a sorte do Pedro ter uns horários muito malucos que estão sempre a mudar, por isso, muitas vezes, conseguimos passar as manhãs ou as tardes todos juntos e, os nossos “fins-de-semana”, nem sempre calham ao Sábado e ao Domingo. O que é óptimo para ir a museus e outros sítios que ao fim-de-semana estão sempre mais concorridos. Um dia por semana, costumamos ir à biblioteca aqui da zona à hora do conto. É uma maneira da Inês praticar o Inglês e de conviver. Ela delira.
Quando não andamos na rua nas nossas voltas, nem em casa das vizinhas, tento sempre ter alguma coisa gira para fazer com a Inês.
Não são sempre coisas diferentes, até porque os miúdos nesta idade gostam de repetição e eu não sou a super-mãe. Quando o tempo está bom, prolongamos as actividades para o lado de fora da janela e vamos para o jardim pintar, brincar numa mini-piscina insuflável ou tomar banho de mangueira. Se nevar, como há uns dias, é jackpot!
Poder acompanhar ao vivo e a cores o crescimento da Inês, assistindo a tantas primeiras vezes, dedicando-lhe muita da minha atenção (toda também não que eu não passo o dia todo a olhar para ela), há-de criar (acreditamos nós) algo muito positivo. Além de que, ter esta experiência, dá-me oportunidade de fazer coisas que de outra forma seriam muito estranhas para alguém da minha idade…como brincar com plasticina, passar horas a fazer desenhos ou a brincar com arroz colorido…e isso, só por si, é o máximo.
Escrevo este texto, apenas para contextualizar futuros posts, onde vos vou falar precisamente de algumas das brincadeiras que faço com a Inês e de como são os nossos dias de mãe e filha, ambas a tempo inteiro.